A fotografia como instrumento de transformação social



Meu nome é Leonardo Duarte, sou fotógrafo e há mais de dez anos tenho utilizado minha ferramenta de trabalho comoinstrumento para denunciar a desigualdade social do nosso país e procurar sensibilizar a população para esta questão.

Com um olhar diferenciado e sensível, resultante da minha história de vida, proponho através das imagens que registro uma reflexão sobre o papel de cada indivíduo na sociedade, para que se perceba a situação de desigualdade e isto possa desencadear um processo de transformação social.

Sou natural de Juazeiro do Norte (CE) e resido em São Bernardo do Campo desde os 12 anos de idade. Desde então comecei atrabalhar na rua, vendendo balas, e a partir da convivência com alguns amigos fui passando cada vez mais tempo nas ruas, chegando a dormir vários dias fora de casa. Nesse período foi atendido por uma organização não governamental(Projeto Meninos e Meninas de Rua) que desenvolve trabalho de assistência a população de rua, onde passei a representar essa população em diversos fóruns, congressos, seminários, conferências em vários estados brasileiros e outras cidades do exterior. Nestas atividades tive a oportunidade de ministrar palestras com personalidades reconhecidas na área de defesa dos Direitos Humanos, como: Frei Beto, Miriam Veras, Celso Horta, ente outras.

Meu primeiro contato com a fotografia foi quando fui personagem de uma matéria jornalística. Após a reportagem, o fotógrafo Paulo Giandalia me deixou três rolos de filmes. Deste trabalho consegui que onze fotos fossem publicadas na Folhade S. Paulo, sendo uma delas na capa do jornal, em 1997, numa matéria intitulada: “Ex-menino de rua sonha em ser fotógrafo”.

A partir de então, trabalhei nos jornais: Folha de S. Paulo e Valor Econômico, para a revista Quem e para o site UOL. Fiz o ensaio fotográfico do grupo de rap Racionais MC’S para a revista Trip. Tenho uma foto publicada no livro “Brasil Bom deBola”, lançado pela Editora Ponto e Meio, que também está exposta no Museu do Futebol, no Pacaembu, em São Paulo. Fui fotógrafo da Fundação Criança de São Bernardo do Campo, onde desenvolvi oficinas de fotografia para crianças e adolescentes e atualmente sou educador social do Projeto Meninos e Meninas de Rua –PMMR, e nos momentos livres continuo fotografando.

Coordeno hoje o Núcleo de Comunicação Marginal (http://www.nucleodecomunicacaomarginal.blogspot.com/), uma ONG que tem como objetivo trabalhar através das linguagens cinematográficas para fomentar um olhar crítico que possibilite um novo comportamento da sociedade com relação às comunidades periféricas. Através da produção de vídeo e fotografia, desejamos contribuir como material de estudo e pesquisa para a construção de uma sociedade mais justa. E, a partir deste produto possibilitar a comunidade condições de exercer a sua cidadania.

Desde o início de minha carreira como fotógrafo, busco incentivar a cultura, em todas as suas formas e, sobretudo, nas comunidades mais pobres, pois acredito que a fotografia pode ser uma arma contra as injustiças e as mazelas sociais, que vi explicitamente em meu cotidiano. A fotografia, por seu caráter de comunicação universal, pode levar minha proposta dereflexão a todos os lugares da cidade, do país, e (por que não?) do mundo.

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